Exibido
em outubro do ano passado no Festival do Rio, e mais de dois anos depois de sua
estreia nos Estados Unidos, finalmente chega aos cinemas brasileiros o mais
novo filme de Francis Ford Coppola. O diretor norte-americano, mais conhecido
pela trilogia de “O Poderoso Chefão” e o épico “Apocalypse Now”, amargou alguns
fracassos retumbantes em sua carreira, como roteirista (The Great Gatsby) , e
como diretor do filme “One From the Heart”, que quase levou à falência de sua
produtora, a American Zoetrope, em 1982. Acostumado a grandes produções, (Apocalypse Now foi outra grande produção
que só não o levou à falência devido ao grande sucesso que obteve nas
bilheterias), desta vez Coppola volta às telas com uma produção bem mais
modesta. “Twixt”, que foi produzido, escrito e dirigido por Coppola, teve um
orçamento ínfimo para os padrões hollywoodianos: apenas 7 milhões de dólares, e
traz no elenco um Val Kilmer ligeiramente acima do peso, vivendo um escritor de
romances de bruxaria (Hall Baltimore) em crise criativa, que perambula por
cidades do interior dos EUA promovendo seu novo romance, até que ele chega à
pequena de Swann Valley e, humilhamente, promove um dia de autógrafos em uma
loja de ferragens para uma população nem um pouco interessada em seu trabalho.
Apenas o velho xerife da cidade, Bob LaGrange (Bruce Dern) parece conhecê-lo, e
adquire um exemplar de seu livro. LaGrange conta-lhe uma história sobre doze
crianças que foram assassinadas na cidade, e lhe propõe uma parceria para a
escrita de um romance sobre o caso. Com um certo desdém, Baltimore recusa a
proposta do entusiasmado xerife, mas a história lhe chama a atenção,
principalmente depois que ele descobre que o grande escritor Edgar Allan Poe se
hospedou em um motel abandonado na cidade, tempos atrás. A partir daí, o filme
mistura sonho e realidade, com Baltimore se encontrando com uma das supostas
vítimas do massacre, a jovem Virginia (Elle Fanning – a irmã caçula de Dakota
Fanning) para, em seguida, receber conselhos do próprio Poe (Ben Chaplin), que lhe
dá dicas de como finalizar o romance sobre as doze crianças mortas.
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Hall Baltimore (Val Kilmer) e Virginia (Elle Fanning), em Twixt, de Coppola |
O filme está enquadrado na
categoria de suspense/terror, mas de terror tem pouco, ou quase nada. Está mais
para um conto gótico moderno, digno de uma nota de rodapé sobre os poemas de Baudelaire.
O visual tem um toque do chamado “efeito Sin City”, em que a imagem está em preto
e branco e apenas uma ou duas cores se sobressaem. Além disso, Coppola filmou
parte do filme em 3D (na opinião deste, um filme todo em 3D é cansativo). Uma
das curiosidades da produção é que quase todo o filme foi rodado em uma
propriedade agrícola do próprio Coppola, usando principalmente sua adega e sua
biblioteca pessoais como cenário.
Twixt é uma produção que não
irá agradar a todos, e nem é uma das grandes produções de Coppola, mas vale a
pena ser visto, principalmente pelos diálogos deliciosos entre Poe e Baltimore,
pela ironia com o tempo (Swann Valley possui uma torre com sete relógios que
nunca estão em sincronia, portanto, não dá pra saber direito que horas são na
cidade) e por ser a obra de um dos maiores cineastas em atividade.
Outras
estreias interessantes
A
continuação da segunda das trilogias baseadas nos romances de J. R. R. Tolkien,
comandada pelo competente diretor norte-americano Peter Jackson é outra ótima
opção para quem gosta dos filmes sobre a Terra Média. Trata-se do segundo filme
sobre o hobbit Bilbo Bolseiro (Martin Freeman), "O Hobbit - A desolação de
Smaug", que narra a continuação da jornada de Thorin Escudo de Carvalho
(Richard Armitage) que, ajudado por Bilbo e mais doze fiéis anões, na tentativa
de retomar o reino dos anões de Erebor. Thorin e seu grupo de anões precisam
ludibriar o esperto, e aterrorizante, dragão Smaug (que finalmente mostra todo
o seu esplendor nos últimos 40 minutos do filme), para tentar recuperar a pedra
Arkenstone, por ser esta a joia mais valiosa do reino, que daria a Thorin o
direito de se tornar novamente o rei.
Como nos filmes anteriores, “A desolação
de Smaug” foi quase todo rodado na Nova Zelândia, com exceção das cenas de Ian
Holm, que faz o personagem já velho de Bilbo, Bolseiro, e de Christopher Lee, o
Saruman da trama que, por motivos de saúde filmaram suas cenas em um estúdio em
Londres. Mesmo que você não tenha gostado muito da primeira parte da trilogia
do Hobbit (assim como eu), vale a pena assistir essa continuação. Mais uma vez,
os efeitos especiais são uma atração à parte, com cenas de ação capazes de
tirar o fôlego e nos deixar grudados na poltrona, esperando pela próxima cena
que aparecerá na tela grande, principalmente as cenas de Smaug. Diferentemente
da primeira parte, você vai ficar ansioso para assistir o terceiro filme da
série, que está previsto para ser lançado em dezembro de 2014.
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Smaug, o dragão do título, protege o seu tesouro |
Outras estreias menos
badaladas, mas que merecem ser vistas são “A música nunca parou” e “Filha de
ninguém”. “A música nunca parou” é o primeiro
longa dirigido por Jim Kohlberg e mostra a luta de um pai, Henry Sawyer (J.K.
Simmons), para se conectar com seu filho Gabriel (Lou Taylor Pucci), que possui um tumor no cérebro que o impede de
produzir novas memórias. Será através da música que os dois irão superar a
distância emocional que os separa e acabam encontrando uma forma de se relacionarem.
O filme foi baseado em uma história real que, por sua vez, foi baseado no
ensaio "The Last Hippie" sobre o livro "An Anthropologist on
Mars", de Oliver Sacks.
“Filha de ninguém”, do
sul-coreano Sang-soo Hong, é uma história que retrata os dilemas existenciais
de uma jovem estudante de cinema na Coréia do Sul, Haewon (Jeong Eun-Chae), que
se sente ainda mais deslocada quando sua mãe (Kim Ja-ok) anuncia que está se
mudando para o Canadá, e piora quando ela descobre que seus colegas estão
falando mal dela por esta ter tido um relacionamento com um professor casado
(Lee Sun-kyun). O filme estreou em 2011 no Festival de Sundance e este ano foi selecionado
para a mostra Panorama do Cinema Mundial do Festival do Rio.
*Guto Rodriguess é ator,
roteirista e cineasta, formado em Artes Cênicas pela Faculdade de Artes do
Paraná e Pós-graduado em Cinema pela Universidade Tuiuti do Paraná.
Quem
foi Edgar Allan Poe?
Edgar Allan Poe (nascido
Edgar Poe; Boston, 19 de Janeiro de 1809 - Baltimore, 7 de Outubro de 1849) foi
um autor, poeta, editor e crítico literário americano, fez parte do movimento
romântico americano. Conhecido por suas histórias que envolvem o mistério e o
macabro, Poe foi um dos primeiros escritores americanos de contos, sendo considerado
o inventor do gênero ficção policial, também recebendo crédito por contribuição
ao emergente gênero de ficção científica. Ele foi o primeiro escritor americano
conhecido a tentar ganhar a vida através da escrita por si só, resultando em
uma vida e carreira financeiramente difícil.
As obras mais conhecidas de
Poe são Góticas, um gênero que ele seguiu para satisfazer o gosto do público.
Seus temas mais recorrentes lidam com questões da morte, incluindo sinais
físicos dela, os efeitos da decomposição, interesses por tapocrifação (enterro
prematuro, enterro vivo e funeral vivo), a reanimação dos mortos e o luto.
Muitas das suas obras são geralmente consideradas partes do gênero do
romantismo negro, uma reação literária ao transcendentalismo, do qual Poe
fortemente não gostava.
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Edgar Allan Poe |
Além do horror, Poe também
escreveu sátiras, contos de humor e hoaxes (embustes, farsas). Para efeito
cômico, ele usou a ironia e a extravagância do ridículo, muitas vezes na
tentativa de liberar o leitor da conformidade cultural. De fato,
"Metzengerstein", a primeira história que Poe publicou, e sua
primeira incursão em terror, foi originalmente concebida como uma paródia
satirizando o gênero popular. Poe também reinventou a ficção científica,
respondendo na sua escrita às tecnologias emergentes como balões de ar quente
em "The Balloon-Hoax".
Poe
escreveu muito de seu trabalho usando temas especificamente oferecidos para os
gostos do mercado em massa. Para esse fim, sua ficção incluiu muitas vezes
elementos da popular pseudociência, como frenologia e fisiognomia.
(Texto integralmente
extraído da Wikipédia na internet, no seguinte endereço eletrônico: http://pt.wikipedia.org/wiki/Edgar_Allan_Poe).
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