sábado, 1 de outubro de 2011

A LINHA DE AÇÃO

Já falamos sobre o cabeçalho de cena, que a princípio pode parecer simples mas, como vimos, não é. A linha de ação também é outro ponto importantíssimo para a construção de um roteiro cinematográfico.
Logo abaixo do cabeçalho da cena temos a linha de ação. É ali que você descreverá o que acontece na cena. No entanto, é preciso tomar cuidado com o que você escreve nesse espaço. Não é possível ficar filosofando sobre a sua história ali. Você precisa ser claro e conciso. E descrever as coisas de forma visual. Ou seja, você precisa “ver” com os olhos da câmera e descrever apenas aquilo que a câmera é capaz de captar.
Por exemplo, você quer descrever o seu personagem em frente a uma janela, olhando para fora e pensando na mãe dele, que está doente. Você não pode simplesmente escrever que “PEDRO pensa na mãe enquanto olha para a rua”. Não há como filmar o “pensamento de Pedro”, vendo mentalmente sua mãe. Você precisa mostrar isso de forma concreta.
Como resolver isso? Através de um INSERT (veja a descrição logo abaixo). Por meio desse artifício você insere uma imagem da mãe de João, hospitalizada, e volta novamente para ele, para mostrar que esse é o pensamento do personagem que você está descrevendo. É claro que o editor cuidará dos efeitos desse insert posteriormente. Não há necessidade de você se preocupar com isso. Veja como ficaria essa cena.
27 – ESCRITÓRIO DE PEDRO – DIA
O ambiente mostra uma sala não muito grande, mas bem organizada, com uma mesa, um computador sobre esta, um armário em uma parede e um sofá em outra, além de objetos característicos desse ambiente. O escritório fica no quinto andar de um prédio comercial no centro da cidade.
Um homem de quarenta e poucos anos, alto e magro, com profundas olheiras, PEDRO, está sentado atrás da escrivaninha. Ele parece preocupado. Em determinado momento ele se levanta e caminha até a janela que dá para a rua, com um lápis na mão direita. PEDRO abre as persianas e olha o movimento lá embaixo. Seu olhar é distante.
INSERT
Um leito de hospital, em que vemos uma senhora de setenta anos deitada em uma cama, ligada a vários aparelhos.
VOLTA À CENA
PEDRO sai do “transe” em que estava e, decidido, fecha as persianas, pega sua valise, e sai apressado.
Observe que todos os verbos usados na cena acima estão no presente. Tanto no cinema, quanto no teatro, sempre usamos o verbo no presente para descrever uma ação. Isso porque a ação, mesmo que seja um flashback ou um flashforward, sempre estará se desenrolando no presente frente às câmeras.
Outro detalhe a ser notado na cena acima, é o primeiro parágrafo logo após o cabeçalho. Perceba que eu fiz uma breve descrição do ambiente. É recomendável que você também faça isso, todas as vezes que estivermos em um novo ambiente. Mas atenção, faça apenas uma descrição breve, para que a produção tenha uma noção de como é esse ambiente. Essa descrição deve estar de acordo com o perfil do seu personagem. Ou seja, você não irá descrever o escritório de Pedro como sendo um espaço amplo e luxuoso, se a condição social do personagem não condiz com aquele ambiente. Salvo se houver uma explicação razoável para isso no decorrer do filme.
No que diz respeito ao personagem, é recomendável também fazer uma breve descrição do mesmo quando ele aparece pela primeira vez. Aqui também vale a advertência para que não seja nada suntuoso. Apenas uma pequena referência para podermos ter uma visão aproximada do mesmo. No entanto, se houver uma característica que faça parte da personalidade do indivíduo, como por exemplo, se ele manca com uma das pernas, se tem uma horrível cicatriz cortando todo o lado esquerdo do rosto etc., e essa característica influenciará de alguma forma o percurso da história, você precisa descrever isso na primeira vez que o personagem aparece, salvo se você pretende mostrar o personagem por um ângulo que não apareça tal característica e faça disso uma surpresa para o futuro. Mas também não há sentido se você colocar um personagem com uma enorme cicatriz no rosto se não mostrar que aquela cicatriz influencia de alguma forma a sua história. Ou seja, você descreve a cicatriz do personagem, mas não justifica nem como, nem porque esse personagem possui aquela estranha marca no rosto. E isso, da mesma forma, não é usado em momento algum no filme.
Economia é a palavra de ordem nessa parte do roteiro. A maioria dos roteiristas iniciantes sempre incorre nesse mesmo erro, querendo descrever movimentos de câmera, pontos de vista da câmera e do personagem, descrição detalhada do ambiente etc. Não queira dirigir o filme ao escrever o seu roteiro. Nenhum diretor gosta de pegar um roteiro cheio de indicações. Esse é o trabalho do diretor. Quem decidirá a forma de gravar o filme é ele. E mesmo que você seja o diretor do seu próprio roteiro, você terá uma etapa no futuro para pensar nos ângulos e movimentos de câmera que quer para o seu filme. Atenha-se, nesse momento, a contar bem a história.

Um comentário:

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