PERSONAGEM
Tão difícil quanto
criar diálogos consistentes, é criar personagens verossímeis. No entanto, criar
bons personagens para conduzir sua história é parte fundamental no seu processo
de escrita do roteiro. Boas histórias sempre têm personagens marcantes. É por
meio dos personagens que você transmitirá a mensagem do seu roteiro. Você
consegue imaginar algum filme de ficção sem ao menos um personagem? Eu já vi
filmes em que insetos falam, computadores ganham emoções humanas, humanos se
tornam seres bestiais, fantasmas se comunicam com os vivos, mortos voltam à
vida e até mesmo já vi Deus e o diabo nas telas do cinema. No entanto, não me
lembro de nenhuma história contada sem ter ao menos um personagem que a conduz. Personagem é essencial para o drama.
Por isso, você precisa criar personagens no mínimo convincentes para conduzir
suas histórias.
Para fazer um dos
maiores filmes da história do cinema, Orson Wells criou um personagem
enigmático, poderoso e fascinante e o chamou de Cidadão Kane, o magnata das comunicações. Você certamente se
lembrará do personagem principal de Sociedade
dos Poetas Mortos (Dead Poets Society,
1989), não apenas porque foi interpretado por um ator do calibre de Robin
Williams, mas porque o professor John Keating é uma figura marcante, com uma
personalidade única e ações que fazem dessa história algo digno de ser lembrado.
Para construir um
personagem marcante você precisa ir muito além do clássico nome, idade e
profissão. É preciso pensar na psicologia do personagem, ir fundo em sua alma.
Ir muito além do maniqueísmo do bem e do mal das peças teatrais estudantis. É
preciso lembrar que um ser humano de verdade possui virtudes e defeitos, e que
ninguém é totalmente bom, ou totalmente mau.
O filme Cidade de Deus (2002), de José Padilha, é
um bom exemplo de personagens emblemáticos e bem construídos. Zé Pequeno
(Leandro Firmino) é a maldade em pessoa. Mas, mesmo para um bandido do calibre
de Zé Pequeno, há momentos no filme em que ele mostra que é um ser humano, como
quando Buscapé (Alexandre Rodrigues) morre. Zé Pequeno realmente gostava de
Buscapé e se importava com ele, mesmo sendo um ser humano cruel e sanguinário.
Usando o mesmo filme como exemplo, encontramos um sujeito que parece ser “a
bondade em pessoa”. É Mané Galinha (Seu Jorge), um sujeito simples e
trabalhador, mas que, para vingar tudo que Zé Pequeno lhe infringiu (humilhação
pública, estupro da namorada e morte do irmão), acaba se tornando também um
bandido perigoso, capaz de matar sem a menor piedade. São as várias faces de um
mesmo ser humano que, dependendo da situação, é capaz de tudo. Não nos esqueçamos
que somos animais e, quando acuados, agimos por instinto.
Os psicopatas são a
única exceção nesse tipo de construção de personalidade. Um psicopata não tem
sentimentos, e como tal, é a maldade em pessoa. Ele não necessita de motivos
para matar, roubar, manipular... Muitos psicopatas fazem isso por puro prazer.
E se agem com bondade, é simplesmente pensando em seu próprio bem. Matar um ser
humano simplesmente para construir um casaco de pele humana é algo que eles
encaram com naturalidade (O Silêncio dos
Inocentes). A série de TV Dexter
é um ótimo laboratório para entender o complicado mundo particular de um
psicopata.
No entanto, mesmo que
o seu personagem seja um psicopata como o Dr. Hannibal Lecter (Anthony Hopkins),
por exemplo, ele terá que ter uma personalidade muito bem solidificada. Você
terá que basear a sua personalidade em um passado justificável para que um
homem como ele tenha as atitudes que ele toma no filme. E isso não é nem um
pouco fácil. E é por aí que você começará a construir a personalidade do seu
personagem: pelo seu passado, pois, como diria Victor Hugo, o homem é fruto do seu
meio. Tudo o que o seu personagem fará, terá que estar embasado em sua
personalidade. Se não for assim, ele perde credibilidade e, consequentemente,
sua história também.
Expliquemos melhor
esse conceito. Digamos que o seu personagem é um político honesto e que ele tem
por princípio jamais aceitar propina ou favorecimento pessoal. Caso nos
deparemos com uma cena em que o seu político honesto aceite receber um favor
pessoal em troca de votação para aprovação de um projeto de lei polêmico, isso
nos faria perder a credibilidade que havíamos depositado nele. Você até pode
colocar o seu político honesto na situação acima descrita, mas teria que
justificar muito bem a atitude dele. Por exemplo, no caso de ele estar sendo
ameaçado, seu filho ou esposa estarem em condição de coação ou seqüestro etc.
Ou outra situação que justifique ele estar indo contra os seus princípios, como
é o caso do personagem Mané Galinha, do filme Cidade de Deus. Quando uma situação assim é bem escrita, gera até
um conflito interessante.
No filme Tempo Esgotado (Nick of Time, 1995), um homem simples (Johnny Depp) é escolhido
aleatoriamente para matar a governadora da Califórnia, Eleonor Grant (Marsha
Mason), que tenta a reeleição. Caso a governadora não esteja morta dentro de
uma hora e vinte e três minutos, eles matarão sua filha de seis anos de idade
(Courtney Chase). Por mais pressionado que Gene Watson (Depp) esteja, ele não
consegue realizar a ação, pois isso vai claramente contra seus princípios, e ele arrisca perder a sua filha ao ter que se
tornar um assassino. O que torna o filme interessante é a possibilidade de nos
colocarmos no lugar de Watson, sendo obrigados a matar uma pessoa inocente para
salvar a vida de outra inocente, a sua filha. Um personagem simplista, ou sem
caráter, simplesmente executaria a ação sem questionar muito os “porquês”. Mas,
complexa como é a personalidade humana, vários questionamentos são feitos ao
longo das quase duas horas do filme.
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